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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 13 de out. de 2019
  • 3 min

Microcontos

MELODIA DE FLAUTA (para todos aqueles que pensam) Vou escrever, que a orelha do papel tem paciência infinita. Se acaso me lê o leitor, prometo-lhe: Antes que chegue sua condução, três vezes sorrirá. A paciência da vossa orelha, e mais, a confiança, que estas linhas não devem trair, é ouro, é gema, é doce de leite, é herança de mineiro. Hoje, tal riqueza anda nas mãos de palestrantes de má qualidade, indignos de Cícero, de Rui ou Platão. E a gente nasce com esse desejo tão hon
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Imitando chineses
Pedro Lobato Moura
  • 16 de mai. de 2019
  • 1 min

Imitando chineses

Observações imitando Liu I-Ming Vejo um lagarto mutilado: foi certamente Silvério, gato cinzento, bravo. Os lagartos diminuíram com a presença dos gatos, mas, neste tempo de outubro, com as primeiras chuvas vêm os mosquitos e os lagartos tentam a sorte. Vejo aí a arte das garras, dos ferrões e dos venenos. Cada bicho tem seu arsenal, cada ser seu kung fu. O homem é o rei dos animais, dado seu riquíssimo acervo de venenos, ferrões e garras, todos filhos da inteligência, sua ar
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Crônicas
Pedro Lobato Moura
  • 15 de mai. de 2019
  • 2 min

Crônicas

A jaca A jaca viajou da Índia, veio e vingou aqui. A jaqueira da Portela, louvada pelo poeta, mais bonita ainda não vi. O cheiro da jaca mole, cabulosamente doce, e a alma da jaqueira no quintal do candomblé, como se brasileira fosse – brasileira é. A árvore da fazenda i. Como eu fui a ela apresentado: Ela, a moça cigana, diz, minha árvore. Me leva, é inverno, a uma árvore nua no alto do monte, sem vizinhas, só pasto envolta. Guardam-na quero-queros. É tempo, é Iroko, é vento
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Fotos
Pedro Lobato Moura
  • 29 de dez. de 2018
  • 1 min

Fotos

F O T O S I. Queria fotografar a vitrine da casa de produtos de caça e pesca, lá na avenida Paraná, quase chegando no Mercado Central. Seriam, o foco da foto – em meio a canivetes suíços bússolas anzóis chaveiros isqueiros lanternas emblemas da PF bonés camuflados e tantos outros teréns – os apitos de caça. Feitos de madeira, cada um em seu peculiar formato, os apitos trazem etiquetas indicando qual passarinho imitam. É tradição cabocla. Tamanha intimidade com os passarinhos,
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Árvores infantis
Pedro Lobato Moura
  • 23 de dez. de 2018
  • 1 min

Árvores infantis

Árvores infantis (Sagrada Família, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil) A xixi de macaco, dita espadótia, veio do Gabão, eu pesquisei. Uma grande, da flor laranja, que tem um baguinho parecendo mesmo uma espada que, se cai antes da flor desabrochar, fica cheio de água. Servia para nós, moleques, apertar bem perto da cara dos colegas, espirrado neles aquela aguinha fedida. O bico de papagaio, do vermelho, fornecia minha tribo de guerreiros zulu, aquelas florezinhas com aquele
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 19 de dez. de 2018
  • 1 min

Microcontos

Duende (de Rosa e Barros) O mundo é cheio de passagens secretas para outras dimensões, e todas as mentes se encontram, pelos jardins inconscientes. O duende sentado no fungo tem uma chave-mestra. Não, não há propósito – não há – tudo é invenção, delírio. Porém, cantamos. Apesar, cantamos. Ademais, cantamos. Não obstante. Contudo. E Deus acha bom. A fome e a literatura A fome encontrou a literatura, estava sem tempo, mas aceitou dar um autógrafo. A literatura, então, sacou u
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 10 de dez. de 2018
  • 1 min

Microcontos

Mamilos Meus mamilos ultrassensíveis captam de tal modo que viver é difícil. Eu raramente os tocava, procurava fingir que não existiam, mas meu coração se acelerava, medos emergiam, os sentidos ficavam turvos, o sangue, espesso. Eram eles, meus mamilos, captando. Sentindo o mundo, e as pessoas. Sem dúvida, as pessoas se destacam. O mundo é vasto, sim, belo, inteligente, gostoso. Todos os animais, as plantas, os númenes. Mas pessoas são um caso à parte. Nem sei se isso é bom.
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 18 de nov. de 2018
  • 2 min

Microcontos

Pai árvore Meu pai virou árvore aos poucos. Aos poucos mesmo, foram cinquenta anos de mutação. Eu me lembro, na véspera de meu aniversário de trinta anos, eu ainda ouvia as opiniões exaltadas sobre a política e as críticas canônicas sobre a música do século XX, é claro que ditas de forma cada vez mais lenta e entrecortada pela tosse constante. Seus cabelos eram já uma basta folhagem verde cinzenta, nenhum membro humano era mais reconhecível, já seria um ênida, meu pai. Há qui
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 23 de jun. de 2018
  • 1 min

Microcontos

Vanitas Escondida, numa caprichosa caixa de madeira, a coleção de minerais do meu irmão. Tantas cores da terra! Meu vô cigano vendeu os sítios e os bois que tinha na localidade do Barreiro para comprar um lote na Cidade, perto da rua Direita, à sombra da Igreja Mãe. Meu irmão, o mais velho, soube aproveitar a mudança, fez-se nobre, misturou-se à gente hematófaga de Costas, Selvas e Ribeiras do Velho Mundo. Pois, uma vez na vida, sorrateiramente vi, toquei a proibidérrima cole
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 21 de jun. de 2018
  • 2 min

Microcontos

Mundo Mundo subterrâneo. Um mundo todo dentro, hiperhumano, mundo-nave no espaço-tempo, cupinzeiro voando. Meu chip me garante. Durmo na loja – Mas você mora na loja? Dorme no mezanino? Por que não compra um apartamento lá fora? – Minha casa não é deste mundo. Perdido, antes Porque há um antes. Ninguém nasce perdido. Perdido, confesso As coisas me chamavam: as cores, os materiais, as miniaturas de tudo, alucinógenas maçãs. Tudo nas estantes, tudo forrado de carpetes, sofás, p
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 10 de jun. de 2018
  • 1 min

Microcontos

Flores Flor de esquina, mesmo que dada, será feliz se admirada com amor: até maria-sem-vergonha gosta de mãos que respeitam e sabem colher o gozo como dádiva. Por outro lado, há a flor oculta, especial, seletiva. Será que no fundo teme, expectante, que ele nunca venha, o beija-flor raríssimo? Entre dar-se e guardar-se, caminho, atento. Liberdade Existir é depender – eis a dor do Buda. Entre escolher e merecer – a cada um seu mestre. Antigamente se dizia, "agricultor é escravo
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 1 de jun. de 2018
  • 2 min

Microcontos

Se eu fosse água Se eu fosse água não teria medo. A água penetra, atravessa, dissolve, corrói, fura. Salve sete quedas, vapores, e o arco-íris! Não temeria me ver preso num buraco escuro, no coração de uma rocha, por milênios, talvez. O geólogo quer saber a idade das águas. Minerais, isótopos radioativos, gases nobres e plebeus, sais, matéria morta, marcam a água, individualizam a água. E dizemos águas. Salve ondinas e nereidas! Eu, sendo água, posso estar sujo do medo, do ca
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 1 de jun. de 2018
  • 1 min

Microcontos

Abraço O que precisas, chefe: o toque no rosto, de uma criança, o toque de cânfora na fronte. Mas, se já não adianta, se és calo ambulante e só - tem jeito? Só com um abraço de elefante. Esperar Aí está a bola. Te parece imóvel? Nenhuma particularidade é imóvel. Digamos que a bola está imóvel. Aí temos você, potência de chute, que espera - soberano esperar! Espera talvez o apito, talvez a vontade de jogar. A bola repousa. Você, espera. O que mais, neste vasto céu, é assim? Ra
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 25 de mai. de 2018
  • 1 min

Microcontos

I sing embromation Delegado: “Este véi veiaco, que não se sabe por quê a terra não reclamou ainda: Descobre o cipó de onde ele tira o vigor. Aquele seu manto de gralha esconde drogas, seu canto seduz holandesas e índias: Que mel ele põe na ponta do maracá? Ele surfa na folha? Bebeu água com ferradura? Tem conta no arco-íris?” O delegado põe os seus homens contra ele, blitz geral na costa de Maruípe. Diz um x-9: “O véi te mandou esta zica lombrada.” Rolé (Intertexto com Drummo
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 25 de mai. de 2018
  • 2 min

Microcontos

Destino de boto Beleza. Absoluta Lindeza. Ideia, de que os efebos que existem são apenas o eco, evocam o eon quando nos pertencíamos, Alma e Beleza. Porquê nos separamos? Não me lembro. O cheiro da roupa dela, o desprezo dela, o corpo dela... Eu quero que ela queira minha mão, quero me esquecer tocando nela um solo inspirado, fatal. Pergunto a mim mesmo, mergulhar, não te cansa? É este pérola ou morte, pérola ou morte: o desejo começa rubro, quente. Termina azul, inchado, ine
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Microcontos
Pedro Lobato Moura
  • 21 de mai. de 2018
  • 2 min

Microcontos

Nomes, mentiras Meu avô dizia que era cínico, no sentido filosófico. Mandava eu buscar na enciclopédia. Eu via a figura de Diógenes em seu tonel. Pensava no Chaves. Meu avô caiu doente. Dormia, acamado há semanas. Criança, eu à sua cabeceira andava, mais que tudo curioso. Tinha um livro, sobre o criado mudo, e os óculos. Um livrinho velho. Na primeira página, um desenho feito à mão, um cipozinho, de nanquim, e um escrito, em letra ondulosa. Eu ainda não lia, mas senti alguma
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